quarta-feira, 29 de junho de 2011

Gente marcada

Gotas de chuva são lágrimas que o céu derrama,
Mas ao invés de serem marcos de tristeza
Trazem alegria e vida a terra seca e rachada.
O sol nem sempre é sinal de alivio,
Pode ser martírio para um chão sem água,
Pode ser suplicio para um povo sem nada.
A planta que parece sem vida trás consigo salvação,
Pois é dentro da palma que o homem encontra
Aquilo que vai ser sustento, manutenção.
Retirantes se afastam da fome e da dor
E buscam em outras terras um consolador.
Mas a triste jornada não leva ao emprego,
Não os leva a casa sonhada.
Seus filhos passam fome em terra que não é seca,
Onde água corre muita no meio das cidades.
Mas essa água é suja, deixou de ser translucida,
Não vale para beber, para se banhar,
Não é sustento para o homem se embrenhar.
As árvores também não existem aos montes nesse lugar,
E as que existem estão em parques onde não se pode pisar.
A casa outrora de taipa hoje é de papelão,
E o céu não tem mais estrelas, só o clarão.
O clarão dos carros que passam a noite,
Das casas de música alta que enchem a cidade.
O lixo se acumula nas ruas
E é sustento para muitos sem chance,
Que encontrão no entulho
Uma oportunidade vacilante.
Puxar carroça para viver,
Para poder levar para os filhos,
Para as crianças em casa,
Um pouco do que comer.
Do governo vem ajuda pras crianças na escola,
E tem muita gente que diz que isso não passa de esmola.
Mas esse povo não enjeita,
Por que muitas vezes é a única solução,
Num mundo onde o capitalismo impera,
E a humanidade anda na contra mão.
Essa gente que é invisível clama por tempos de paz,
Não de uma paz sem ter armas,
Mas por uma paz de espirito,
Aquela que muita gente não é capaz.

Por Vanessa Lima
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